sábado, 3 de janeiro de 2015

RETRATOS DA CIDADE DE LONDRINA DE PAULO BONI DA UEL

Juliana GonçalvesLivro conta história de Londrina com fotos

Em um dos capítulos, a obra “conserta” um erro reproduzido nas últimas décadas, o de que a Avenida Higienópolis era, na própria origem, aristocrática

  • Juliana Gonçalves
  • jgoncalves@jornaldelondrina.com.br
Segundo Boni, a cidade tem sorte por ter preservado a própria história em fotos (Crédito: Agência UEL/Divulgação)Prestes a completar 80 anos, Londrina tem muito a comemorar. Um dos motivos é a sorte de ter preservado, em imagens, boa parte da própria história. Fotografias guardadas desde a chegada dos primeiros colonizadores ajudam a recuperar fragmentos históricos da cidade e são, também, a matéria-prima de mais um livro organizado pelo professor do departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Paulo Boni. O lançamento será às 20 horas da próxima quinta-feira, no Museu Histórico Padre Carlos Weiss.
“Retratos da cidade: o uso da fotografia para a recuperação de fragmentos históricos de Londrina” é uma obra de nove autores, entre alunos de graduação, especialização e mestrado, além do professor Boni. Um dos capítulos trata de duas particularidades que permitem esse resgate histórico-fotográfico local.
Um deles é o trabalho de publicidade feito pela Companhia de Terras Norte do Paraná. Para divulgar as terras que pretendia colonizar, a empresa utilizou a fotografia. “Eles levavam fotos de perobas imponentes e de figueiras majestosas, que indicavam a fertilidade do solo. Conforme foram derrubando a mata, fotografavam as primeiras lavouras, as primeiras colheitas, a infraestrutura sendo construída”, contou Boni.
O outro fator é os imigrantes que aqui se instalaram, muitos deles fotógrafos por ofício. “Conheço cidades do Mato Grosso com a metade da idade de Londrina que não têm registros da sua história. Temos a sorte de ter.”
Erro
Um dos capítulos do livro desmistifica um erro na história de uma das principais avenidas de Londrina. A bibliografia sempre sustentou que a Higienópolis, na própria origem, foi um reduto aristocrático, mas a pesquisa constatou que a maioria dos moradores daquela via era formada por industriais, comerciantes e profissionais liberais.
“Era a classe burguesa, não a aristocrática”, revelou Boni. “As pesquisas em Londrina tiveram início na década de 1970. Alguém escreveu coisas erradas, que não foram revistas, mas reproduzidas em outras pesquisas”, explicou.
O erro só agora é corrigido graças a fotos da época e a pesquisas orientadas por Boni, que indicaram quem eram os proprietários dos imóveis.
Teoria e prática
“Retratos da cidade” deixa claro que a teoria pode e deve sair da academia para ser colocado a serviço da sociedade. “Todos os capítulos trazem a fundamentação teórica e as metodologias, com o olhar voltado para a preservação da memória de Londrina.”
A diretora do museu, Regina Célia Allegro, viu na obra o potencial para se tornar exemplo nas escolas e decidiu distribuir cerca de 300 exemplares a professores das redes municipal e estadual de ensino. É uma tentativa de despertá-los para ações didáticas para a recuperação de dados e a construção da história de Londrina.
Serviço
Lançamento do livro “Retratos da cidade”: 23 de outubro, às 20 horas, no Museu Histórico de Londrina. O exemplar será vendido a R$ 20. Entrada gratuita.

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